terça-feira, 10 de julho de 2012

As leis pró-aborto e o mito do "momento mágico"




Legislações que atentam contra a natureza humana existem para atentar contra a inteligência humana. 

Um exemplo cabal dessa afirmação se dá em todos os países aonde o aborto é legalizado. Tomemos aquela manchete infelizmente não tão rara: "bebê recém-nascido é encontrado quase morto em lata de lixo; pais são encontrados e presos". Comoção geral entre toda a sociedade. Protestos em frente a delegacia pedem justiça imediata aqueles pais monstros. Filas de casais pedem adoção ao bebê. 
No dia seguinte, outra mãe e pai entram numa clínica de aborto e pedem a interrupção daquela vida que dentro em pouco iria respirar pela primeira vez. Eles pagam uma taxa ao médico e desembolsam por um "procedimento" seguro. Aquele bebê vai para o saco de lixo hospitalar, os pais vão para casa, nenhuma notícia é estampada, nenhum protesto é ouvido.

Qual a diferença entre a comoção do primeiro caso e o silêncio geral do segundo? O momento da execução do filho. Um acabou com a vida de seu bebê algumas horas depois do nascimento, outro acabou com a vida de seu bebê alguns dias antes do nascimento. Cabe-nos a pergunta: Qual a diferença essencial entre um bebê e outro? A resposta é óbvia: absolutamente nenhuma. Ambos detinham o mesmo nível de formação fisiológica, ambos detinham a mesma carga genética que o definiam como pertencentes da raça humana, ambos detinham desde o momento de sua fecundação características que os faziam únicos e irrepetíveis. E no entanto, um foi tratado como pessoa, e outro, como carne de abate. 

Não é a toa, que em alguns países aonde o aborto é permitido até segundos antes do parto, como é o caso dos EUA, muitos militantes pró-aborto e feministas defendam como situação "ética" a idéia do aborto "pós-nascimento". O aborto "pós-nascimento" é na prática a aplicação da pena capital, uma execução pura e simples, de um bebê que acaba de nascer, pelo crime de ter existido. É claro que tal projeto vem causando espanto em muitos cantos do mundo, mas não se pode negar a coerência de seus mentores: se a lei permite o fim de um ser humano ainda em estágio de formação, por que negar tal direito apenas porque este nasceu, se ainda segue em fase de desenvolvimento? Alguns, como o professor Peter Singer, vão mais longe, e defendem que os pais devem ter o "direito" de "interromper" a vida de seus filhos até 1 ano de idade, já que nesse período ainda não usam da plena consciência. Faz sentido em certo ponto: um princípio, se aceito, deve ser legítimo em todas as suas aplicações possíveis. 

Sabe-se que a principal diferença entre o homem e um animal é o uso de sua racionalidade. Sabe-se também que a formação plena do cérebro humano se dá apenas em torno dos 6 anos de idade, quando chega-se a "idade da razão". Dentro em pouco, e do jeito que a moralidade deste mundo caminha, é possível que exista quem defenda a "interrupção" da vida de crianças até os 6 anos de idade. Se de fato a sociedade continuar tolerando o aborto como o faz hoje, não há razão para duvidar de que isso vá acontecer. 

O fato é que não há, e não haverá nunca, um critério superior ao do momento da fecundação, que tenha alcance universal e atemporal, para servir de parâmetro para proteção da vida humana (se é que queremos proteger a vida). Por que? Porque desde o momento da fecundação, não haverá jamais na história daquele ser humano, uma outra fase em que esta vida receba uma nova contribuição para ser o que é. Desde o início, se lhe é conferido meios de existência, nunca ocorrerá deste ser se tornar qualquer outra coisa que não uma pessoa: suas características mais pessoais de cor dos olhos, cor de cabelo, doenças e talentos hereditários, etc, estão já alí presentes, desde quando era um zigoto. 

Todas as etapas posteriores ao da fecundação são apenas fases de autocrescimento e de desenvolvimento intrínseco e autônomo daquela sua unidade primeira. Zigoto, embrião, bebê, criança, adulto, idoso, estão ligados intrinsecamente por uma mesmíssima natureza, e precisam, desde aquele primeiro momento intra-útero, até o último instante extra-útero, como contribuição vital, de apenas 3 coisas: nutrição, oxigênio e tempo (como qualquer outro). Se lhe interrompem qualquer estágio de vida, as demais fases não ocorrerão (como qualquer outro).

Toda e qualquer outra tentativa de impor um critério posterior ao da fecundação como parâmetro de definição e proteção da vida humana peca na medida em que acaba criando princípios que, se levados a cabo em todas as outras possíveis situações análogas, acaba por tornar facultativa e subjetiva o extermínio de seres humanos nas mais ordinárias situações. Se se defende o aborto até o momento em que nascituro ainda não tenha - por exemplo - um cérebro, se cria um critério de supressão da vida pela ausência de atividade neural que depois justifica o assassinato de qualquer pessoa em estado inconsciente e com atividade neurológica suspensa. Não é a toa que o direito ao aborto vem seguido do direito a eutanásia em qualquer lugar. A ladeira abaixo é criada por essa idéia esquizofrênica que força o mundo a acreditar que por um passe de mágica (o momento do parto), uma "coisa" (sem direitos) se torna gente com (direitos).

É preciso entender de uma vez por todas que o aborto só é praticado em seres humanos - e não em coisas - porque estes estão vivos e são humanos. Se estes seres humanos não existissem ou não estivessem vivos, nenhum aborto seria feito, e é por isso que o aborto sempre pressupõem uma vida humana pré-existente. Se o aborto não é feito, uma pessoa se torna criança, adulto, idoso. Logo, o aborto existe necessariamente para matar um alguém específico e muito concreto, e isso, não se difere em nada de um crime que possa ocorrer em qualquer fase de qualquer um. 

Não há como conviver com tamanha contradição todos os dias e dormir plenamente em paz. Ou todos são iguais e possuem o direito de viver, ou ninguém o tem. 

Ou, claro, a barbárie está legalizada e a ditadura dos mais fortes está vigente.