terça-feira, 21 de outubro de 2008

Votar e Lutar pela Vida

http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=4971
Por Dom Gil Antônio MoreiraBispo de Jundiaí-SP

Há poucos dias, assisti em Brasília, a um documentário sobre as atrocidades cometidas no tempo do regime militar com torturas, sumiços e mortes de pessoas. Foi, contudo impossível não me lembrar, ao mesmo tempo, de um documentário gravado por um médico dos Estados Unidos, sobre o aborto. Ele fizera mais de cinco mil abortos em seu consultório e depois que viu a filmagem de seu ‘trabalho’, ficou tremendamente chocado e além de nunca mais ter feito um só abortamento, passou a ser um dos maiores batalhadores na luta em favor da vida em todo o mundo. Não se cansa de afirmar que o aborto, mesmo feito nas melhores clínicas é um assassinado hediondo, resultante de um processo de tortura horripilante contra um ser humano que não tem nem mesmo condição de gritar socorro. Vi este filme várias vezes. Muitos políticos, antes favoráveis ao aborto, já o viram e mudaram de opinião.

O que mais me impressionou ao ver o documentário de Brasília sobre o regime militar, é que entre os que foram lesados em seus direitos humanos, alguns agora militam na política e defendem abertamente o aborto, sem o mínimo escrúpulo, sem a mínima sensibilidade diante de uma criancinha que a natureza protege, mas pessoas humanas não. Não consigo compreender como fazer distinção entre torturar um adulto e torturar, até à morte, um ser indefeso no começo de sua existência.

Acabo de ver um impressionante comentário de Dr.Luiz Roberto Fontes, Médico Ginecologista e Obstetra e Biólogo, de São Paulo, que nos últimos dias resolveu também emitir sua opinião sobre o assunto e contribui de forma consciente, consistente e honesta, para a crescente campanha em defesa da vida. Para a sua reflexão, caro leitor, não terei preocupação em economizar espaço para a citação, mesmo porque, é difícil perder uma só das palavras do conceito médico. Ele propõe a questão a respeito da vida humana, não só da vida em si. Abaixo, resumidamente, exponho parte de seu texto. Afirma: “Para responder a questão essencial, reviso os meus conhecimentos médico-biológicos:

1- O óvulo é liberado pelo ovário. Mas não sai sozinho do ovário, senão acompanhado de um séqüito de células acessórias, que o envolvem durante todo o trajeto na tuba feminina, rumo ao útero.

2- Ao ocorrer a fecundação, imediatamente a parede envoltória do óvulo e as células acompanhantes bloqueiam a entrada de novos espermatozóides. Esse processo é comandado pelo óvulo que virou ovo. A mãe (mulher) não interfere.

3- Imediatamente, reações fisiológicas complexas são deflagradas, com produção hormonal abundante pelo conjunto ovo-células acessórias. Esses produtos deflagram reações no organismo materno, com vistas a sustentar a gravidez: o útero se prepara para receber o ovo; o ovário que ovulou manterá ativo o corpo lúteo, até o completo desenvolvimento da placenta, na 12ª semana. A mãe (mulher) não interfere.

4- O ovo recém-formado caminha mais 2 a 3 dias na tuba uterina, rumo ao útero. Sofre algumas divisões celulares, até configurar uma massa de células, agora denominada embrião. Nesse trajeto, o embrião está por sua conta. A mãe (mulher) não interfere.

5- Ao chegar ao útero materno, o embrião se implanta no tecido uterino, onde formará a placenta. Esse processo é ativo e depende da atividade do embrião. A mãe (mulher) não interfere.

6- Uma vez implantado, o embrião começa imediatamente a desenvolver a placenta, que tem duas grandes funções: A) prover alimento e oxigênio para o embrião, subtraído do sangue materno. B) constituir uma barreira placentária, que é um filtro altamente eficaz, que impedirá a entrada de inúmeras substâncias maternas que são agressivas ou letais ao embrião, e impedirá que a mãe (sim, a mãe) expulse o embrião...

7- Agora o diminuto embrião vai crescer, desenvolver tecidos e sistemas orgânicos, futuramente terá um encéfalo e um cérebro (cujo desenvolvimento completo somente ocorrerá no 7° ano de vida da criança), vai assumir gradualmente a forma humana e será denominado feto...Das fases 2 a 6, o concepto esteve por sua conta. Se falhar no conjunto de procedimentos iniciados no momento da fecundação, será eliminado. Portanto, a conclusão é óbvia: o ser é autônomo desde a fecundação. É nesse momento que tem início a vida humana. Para chegar a essa conclusão, utilizei apenas conhecimentos técnicos, de matéria médica. Abstive-me de sentimentalismo, emoções, conceitos ou dogmas religiosos...O ovo, tão logo constituído, é um ser autônomo, o único responsável por sua sobrevivência dentro do organismo materno. Isso posto, tenho que dizer que a gestante é depositária do novo ser humano, que é autônomo desde o momento da concepção. A mulher não pode, a seu exclusivo critério e defendendo uma suposta liberdade de usar o corpo como lhe convém, como se grávida não estivesse, optar por interromper a gestação. Não é opção, o caminho é único: é dever da mulher respeitar o novo ser abrigado provisoriamente em seu útero; é dever (eu disse DEVER) do Legislador gerar mecanismos legais de proteção ao novo ser autônomo e portador da condição humana, inclusive no estado unicelular de célula-ovo. Portanto, legislar a favor de "impressões pessoais", ou de uma suposta "dignidade do casal" ou suposto "direito da mulher", como vem ocorrendo na decisão exarada por certos Juízes de Direito em nosso país, é, apenas e tão somente, condenar à morte um ser humano (uni ou pluricelular, com ou sem cérebro, anencéfalo ou não). As feministas também estão erradas em sua visão do assunto e defendem, pura e simplesmente, um crime contra a vida humana”.

Até aqui as palavras de Dr. Fontes. Concluo: eis aí, eleitor, uma boa razão para você negar o seu voto a qualquer candidato favorável ao aborto.