quarta-feira, 2 de abril de 2008

"Morte cerebral nunca é realmente morte", afirma especialista

Especialista diz: o termo "morte cerebral" foi inventado a fim de se obter órgãos. Nunca foi baseado na ciência".

John Jalsevac

OKLAHOMA, EUA, 27 de março de 2008 (LifeSiteNews.com) -- Zack Dunlap, um rapaz de 21 anos diagnosticado como "cerebralmente morto" e que estava a minutos de ter os órgãos removidos por uma equipe médica, agora diz, quatro meses depois do acidente que o levou à beira da morte, que ele se sente "muito bem". O caso de Dunlap foi noticiado pela NBC no começo desta semana, e ele próprio foi entrevistado.

O caso de Zack está sendo louvado nos meios de comunicação como "milagre", porém um neonatologista e especialista em morte cerebral relatou para LifeSiteNews.com que o caso de Zack, ainda que seja num sentido extraordinário, não é tão raro quanto o noticiário da grande mídia faz parecer.

"O jovem nunca morreu", disse o Dr. Paul Byrne, ex-presidente da Associação Médica Católica. Ele começou a escrever sobre o tema da morte cerebral em 1977. O que torna o caso de Dunlap raro, ainda que não inédito, diz Byrne, é que Zack foi sortudo o suficiente para ser constatado com vida antes da remoção de seus órgãos vitais.

"Embora a história dele seja apresentada como algo miraculoso", ele disse para LifeSiteNews, "não quero remover nada que seja de Deus, mas não é sobrenatural o que ocorreu. Se há algo sobrenatural nisso, é que não conseguiram os órgãos dele antes que alguém pudesse notar algum tipo de outra reação. Ele estava sempre vivo -- seu coração estava sempre batendo, havia sempre pressão sangüínea, ele estava sempre bastante vivo".

O Dr. Byrne diz que durante anos ele vem coletando informações sobre numerosos casos em que pacientes rotulados como cerebralmente mortos "voltaram dos mortos". O motivo, diz Byrne, é que "morte cerebral jamais é realmente morte".

Zack Dunlap sofreu numerosos ossos quebrados e grave traumatismo craniano em novembro passado depois de se envolver num acidente, em que ele perdeu o controle do carro que estava dirigindo e capotou. No hospital os médicos diagnosticaram o jovem como "cerebralmente morto". Autoridades de Oklahoma foram informadas de que Zack estava legalmente morto e que seus órgãos deveriam ser removidos.

"Queríamos nos assegurar de que alguma pessoa sortuda continuasse a viver com o coração de Zack", Pam, a mãe de Zack, disse para a NBC.

Planos para remover os órgãos dele, porém, foram adiados de forma dramática.

Dois dos primos de Zack, ambos enfermeiros, disseram que, nos momentos finais antes da chegada da equipe médica que iria remover os órgãos de Zack, eles sentiram que seu primo não havia verdadeiramente morrido. Confiando num pressentimento, Dan Coffin passou seu canivete no pé de Zack. O paciente com suposta morte cerebral reagiu imediatamente afastando o pé. Coffin então enfiou sua própria unha debaixo da unha de Zack, um lugar especialmente sensível do corpo, e seu primo de novo reagiu afastando o braço.

"Passamos de um momento de extrema tristeza para, 'Oh, meu Deus, nosso filho ainda está vivo!'" relatou Pam Dunlap.

A avó de Zack disse que ela também sentia, como os primos de Zack, que seu neto não estava pronto para morrer. Logo antes que seu neto começou a mostrar sinais de vida de novo, ela entrou no quarto dele e orou por um milagre. "Ele era jovem demais para Deus levá-lo", ela disse com lágrimas nos olhos na entrevista da NBC. "Não era a hora".

"Eu havia ouvido de milagres minha vida inteira. Mas nunca vi um. Agora, eu vi um milagre. Tenho prova disso", disse ela.

"Ambos sentimos que Deus tem algum plano grande para Zack. Faremos tudo dentro de nossas possibilidades para ajudá-lo a alcançar esse plano -- qualquer que seja", disse a mãe de Dunlap.

O próprio jovem disse para a NBC que ele ouviu os médicos o declararem cerebralmente morto, e comentou: "Estou contente que eu não conseguia me levantar para fazer o que eu queria fazer". Quando lhe perguntaram o que ele queria fazer, ele respondeu: "Provavelmente, eu lançaria os médicos pela janela".

"Estou muito, muito agradecido que eles não desistiram", ele disse sobre as últimas tentativas de seus primos de descobrir se ele ainda estava vivo. "Só os bons morrem cedo. Por isso, não morri", brincou ele.

O pai de Zack, Doug Dunlap, diz que ele não culpa ninguém, indicando que os médicos lhe deram a certeza de que seu filho estava morto, e que não havia fluxo sangüíneo em seu cérebro. "Eles disseram que ele estava com morte cerebral, que não havia vida. Por isso, nos preparamos".

Quarenta e oito dias depois do acidente de Zack, o jovem voltou para casa, andando sozinho. Ele ainda sofre alguns problemas emocionais, perda de memória e outras conseqüências do acidente, e uma recuperação total pode levar um ano. Mas seus pais dizem que estão simplesmente gratos que seu filho esteja vivo.

O Dr. Byrne, por outro lado, disse para LifeSiteNews.com que o caso de Zack deve ser visto como um aviso sobre a insuficiência dos critérios de morte cerebral. Ele disse: "Embora esse caso mostre que o jovem estava ouvindo os médicos conversando e declarando-o com morte cerebral, a pergunta é: Quantos outros doadores de órgãos estão em situação semelhante?"

"O termo morte cerebral foi inventado a fim de se obter órgãos. Nunca foi baseado na ciência".

Em 2007 o Dr. John Shea, o conselheiro médico de LifeSiteNews.com, escreveu concordando com as preocupações de Byrne sobre morte cerebral, dizendo que o critério de "morte cerebral" é teoria científica, e não fato, acrescentando que é uma teoria que é particularmente aberta para abusos utilitários e portanto deve ser tratada com extrema cautela. Ele também apontou que há o problema adicional de que há vários conjuntos de critérios de morte cerebral, onde uma pessoa pode ser considerada morta de acordo com um critério, e não por outro.

Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.br; www.juliosevero.com